Eu sei que nesse momento minha mente esta dormindo. O meu pensamento disperso misturando todo o meu conhecimento em uma espiral que afunda cada vez mais, tornando o despertar cada vez mais difícil. Sei o que se deve fazer, tenho a consciência de que devo acordar, mas meu corpo foi dominado pelo desejo do descanso. Era como se os meus desejos surgissem e fossem satisfeitos instantaneamente. É um prazer pós gozo infindável. Dormir acordado: é a coisa mais estranha que já me ocorreu.
Eu tenho que acordar, mas quero permanecer assim. Contradições acentuadas pela falta de alguns elementos essenciais da vida humana que minha mente insiste em fantasiar e se engana achando que pode substituir a realidade por imaginação. É uma paixão insaciável e está a todo o momento se satisfazendo e querendo mais. Como se sua sede nunca acabasse e você continuasse a beber por achar que ela está sendo suprimida. Ilusões. Armadilhas da mente. Você quer aquilo que não pode e pensa estar alcançando.
E acho engraçado quando eu, sem querer, percebo que estou no meu trabalho e que pessoas a minha volta estão acordadas e fazendo seus deveres. Era como isso não fosse real. Da para sentir o doce tornar-se amargo na boca. Então eu volto ao meu mundo interior.
Tranqüilidade. Agradeço a deus por esse momento, mas sei que na frente eu vou me arrepender por não ter feito muita coisa agora. Tudo de mim foi sugado. Terei que construir algo do nada, e enquanto eu espero a chuva passar, fico sentado sentindo seus frios pingos caindo sobre mim como se fossem agulhas gélidas. Olho para cima para aquele céu formado por algodões de diferentes tonalidades de cinza e dou um sorriso desajeitado, por saber que logo a chuva passaria e que eu teria que me mover.
Passo minha visão pelas nuvens ate chegar a uma parte mais clara onde o sol está se abrindo, e a luz incrivelmente branca me ofusca. Quando novamente abro os olhos percebo que não era o sol, mas a lâmpada fluorescente do escritório que ofuscava minha visão. Vou acordando aos poucos sentindo aquela leve irritação que as manhas me causam. Estico-me na cadeira fofa e inflexível de rodinhas ate quase ficar deitado. Então me apoiando sobre seus braços de aço me ponho a sentar relaxado e curvado em frente ao quadrilátero brilhante a minha frente. O cabelo encostando-se a minha testa fazia cócegas, por isso franzi a testa levantando as sobrancelhas e de esguela pude perceber a lista de tarefas a fazer impressa em letra de forma exageradamente grande em um papel timbrado com a marca amarela da empresa. Os eflúvios de café do funcionário ao lado vinham a mim trazendo um estimulo a mais. Paro e penso: “hora de acordar”.
quarta-feira, 13 de janeiro de 2010
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